Calendário 2010

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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Exclusão digital: um problema tecnológico ou social?

Ultimamente, os estudos mais aprofundados sobre a exclusão digital têm como foco, geralmente, pequenas comunidades ou experiências locais. Por sua vez, os estudos estatísticos, em particular os relativos aos países em desenvolvimento, adotam como parâmetro central, a divisão entre os que têm e os que não têm acesso à informática e à Internet em casa. No entanto, seja uma medida importante, ela é insuficiente para se entender a dinâmica social da exclusão digital e para definir políticas de universalização de acesso as tecnologias da comunicação e informação, já que apresenta grandes limitações. Como diz a autora:

O problema da exclusão digital vem acompanhado por outros tipos de problemas de ordem econômica, social, cultural, interesses políticos, entre outros. Deve ficar claro que esse movimento de estender acesso à informática e à Internet representa um caminho no qual não há retorno e que provavelmente mudará, a longo prazo, a relação entre o cidadão e o Estado, municipal, estadual e federal. Daqui a diante será mais fácil para grupos de cidadãos com interesses específicos se organizarem para agir de forma a ter o maior impacto possível. GOMES, 2002

Na sociedade em que vivemos hoje, pessoas sem conhecimentos em informática, muitas vezes é considerada como desqualificada para trabalhar, visto que mesmo nas pequenas empresas ou escritórios os sistemas de informação estão presentes. Consequentemente, isso gera pobreza e desemprego. Assim, o ciclo de pobreza e fome se torna mais intenso, havendo então, crise na economia e as conseqüências nos abalos diante dos mercados exteriores concorrentes, sem falar nos agravantes internos, como a proliferação de favelas, o aumento da violência e a elevação dos preços abusivos de mercado.

Entretanto, são grandes as possibilidades de que os telecentros acabam não conseguindo atingir as parcelas mais carentes e beneficiando aqueles que, de alguma forma, já possuem capacitação e conhecimento na área. Aqueles usuários sem acesso doméstico à internet seriam os principais beneficiários dos serviços prestados. No entanto, não se pode dizer que essa seria a situação ideal para essas pessoas. Porem, concordo com Pierre Lévy, quando afirma que,


“... não basta estar na frente de uma tela, munido de todas as interfaces amigáveis que se possa pensar, para superar uma situação de inferioridade. É preciso antes de mais nada estar em condições de participar ativamente dos processos de inteligência coletiva que representam o principal interesse do ciberespaço.” (LÉVY, 1999, p.238).

Sendo assim, acredito que a alfabetização, a capacitação no uso do software e do hardware, são oportunidades essenciais ao processo de aprendizado e de inclusão. Muitas vezes, entende-se que a mera utilização da tecnologia da informação pode representar uma solução plena para melhorar a eficiência da esfera pública e tal iniciativa, muitas vezes, é usada como uma forma de demonstrar uma resposta do governo aos cidadãos em forma de prestação de serviços. Tais iniciativas são importantes, mas é necessário que façam parte de uma política mais abrangente, para que não acabem como ações esporádicas e inconsistentes, e que possam comprometer todo o esforço governamental no sentido da inclusão digital.

GOMES, Elisabeth Exclusão digital: um problema tecnológico ou social? Artigo publicado, 2002. Disponível em http://www.iets.org.br/biblioteca/Exclusao_digital_um_problema_tecnologico_ou_social.pdf acesso em 22/09/2009

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

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